Introdução
Ao acordarmos pela manhã, presumimos que despertamos para um mundo de alguma forma mais real do que o mundo mutável que encontramos enquanto dormimos. Pensamos também que o mundo para o qual despertamos é uma mera continuação do mundo que deixamos para trás ao adormecermos na noite anterior. Mas quem é o adormecido, o sonhador e o Eu que desperta e reivindica este mundo como seu, e não de outrem?
Esta questão tem intrigado muitos indivíduos que se entregaram completamente para descobrir a resposta a este enigma. Pois é óbvio que, antes de compreendermos e identificarmos a verdadeira natureza deste Eu, tanto em seus estados de sonho quanto de vigília, somos meramente levados pelas experiências aparentemente fortuitas que surgem em nossa consciência. Entenda-se que esta última é a base de todas as nossas experiências – tanto em sonho quanto em vigília. Como sonho, é vaga e raramente está sob nosso controle; como consciência, formula o que conhecemos como nossa mente.
Mas o que é a mente? Trata-se da identificação de uma consciência limitada e individualizada da existência, como "minha existência", "sua existência" e assim por diante, que, em si mesmas, não passam de criações do sonho. O mesmo ocorre com a consciência. As "coisas" surgem na existência; sem consciência, parece que experimentamos a pura não existência — um vazio no que nos diz respeito, embora não haja um "nós" para experimentá-lo. Não obstante, é o Eu fundamental, e sustenta tanto a consciência quanto a mente. A plena compreensão desse fato constitui a Autorrealização, o estado supremo de ser-não-ser, que é experimentado pelos Sábios, assim como por outros exemplos de consciência plenamente iluminada, como aqueles que formam a substância dos ensaios a seguir.
Os deuses e deusas, templos, imagens e ícones que compõem o pano de fundo do palco onde muitas das vidas aqui mencionadas se desenrolaram, não devem induzir o leitor a atribuir-lhes qualquer significado além de um elemento puramente incidental, consonante com a natureza e os hábitos dos indivíduos aqui considerados. O cenário é a Índia, sim; mas os participantes transcendem a nacionalidade, pois são jivanmuktas – um termo que significa "libertos enquanto ainda encarnados". Assim, seja a repetição de um mantra específico indicado pelo Guru, o estudo profundo de textos sagrados com a orientação do Guru, ou mesmo o toque reverente nos pés de uma estátua divina ou de um Guru vivo, nenhuma distinção é feita pelo Guru ou pelo discípulo, pois todos são Um e Não-Um.
Os agradecimentos e reconhecimentos do autor são devidos e expressos com gratidão aos editores das diversas publicações que constam na bibliografia.
Kenneth Grant,
Londres, 2005.
Comentários
Postar um comentário